domingo, 1 de agosto de 2010

Para começo de conversa...........................

Sou do interior e como toda família de interior, ainda preservo o hábito de receber minhas visitas com café e bolo ou pão caseiro.

E é exatamente assim que gostaria de fazer com vocês, meus amigos e seguidores, deste espaço despretencioso do qual pretendo construir. Construir isso mesmo! Já sei queridos amigos...muitos de vocês já não estão mais suportando ouvir e ler essa palavrinha que se tornou parte assídua de nossa "rotina diária" não é verdade? Pois bem...eu lhes entendo perfeitamente...

Infelizmente nosso cenário dentro da Educação não nos permite fazer sala mais com cafézinho passado na hora e comidinhas gostosinhas para ficarmos por horas "filosofando na maionese" (termo que dá a entender que não é sério, mas é sim!). É preciso muitas coisas para o momento: ação, união, perseverança, verdades. Verdades estas que tem sido encobertas cada vez mais por nossa falta de liberdade de exercício dentro da nossa profissão e de liberdade de expressão por estarmos nos sentindo oprimidos diante tantas cobranças, relatórios, metas. Metas do governo, que por seu lado, tem a pretensão de "comprovar" publicamente que seu sistema funciona, mesmo sendo sabido que as coisas não estão caminhando de vento em popa.

Cansada de buscar respostas, batendo e sendo atingida frontalmente por muitas indagações (a maioria sem uma resposta plausível) e tomada por grande vontade de propiciar mudanças à nossa classe e sobretudo aos menos favorecidos, montei este blog para que de certa forma, VOCÊ, pessoa como EU, possamos ajudar a "construir" (olha a palavrinha aqui novamente) uma sociedade mais justa e mais democrática, para o bem de todos.

Eis que então, no dia 13 de junho de 2010, a Revista Veja publicou uma reportagem culpabilizando professores pelo processo pelo qual a Educação têm passado. Eis então que gostaria de fazer uma pergunta muito sucinta, o que tal repostagem me leva a pensar: "Se os professores são culpados por esse "momento" em que a Educação passa, o que então haveria acontecido com TODOS eles? Teriam emburrecido do dia para a noite? Teriam se omitido de todo e quaisquer compromisso que sua alma está impregnada até o último fio de cabelo? E os diretores e professores pedagógicos? Não percebem que seus professores nada fazem em sala de aula? O que está acontecendo então?"

Se não fosse a complexidade do assunto, eu diria que a resposta é bem simples...Fica evidente que estas perguntas que formulei logo acima, na verdade são respostas àqueles que muito exigem de nós e pouco fazem para melhorar nossa vida, nossa atmosfera. Outra evidência gira em torno das classes heterogêneas demais. É preciso repensar isso com clareza. Se os alunos evoluem de um momento para o outro e a heteregoneidade sempre existirá, então é preciso que essas crianças mudem de classe, para que o professor possa dedicar-se tendo um foco, o qual é desviado para poder dar atenção aos mais necessitados. Nós estamos perdendo nosso foco, nossa identidade, nossa vontade de lecionar.

Não pretendo fazer desse nosso espaço, um muro de lamentações, porém, para nós, professores, esse é o ponto mais frágil de nossa profissão.

Essa reflexão veio acerca de um email que recebi hoje de uma amiga, a Márcia, seu teor dizia sobre uma carta que uma professora que não idenficou-se, respondeu à revista Veja, com sábias e comoventes palavras. Esta carta fala muita coisa pela qual passamos diariamente em nossa cansada e já quase por desesperançada luta diária.

Para vocês, uma carta sem assinatura, a qual creio que deveria ser assinada por todos nós que trabalhamos em escolas e sabemos bem do que se trata a Educação hoje em dia. Quem assina comigo?





Abraços da





Professora Sy

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Uma professora indignada com a sociedade e as críticas contra o professor. Em resposta a Revista Veja




Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “
Aula Cronometrada”.

É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho
escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticas as falhas da educação.

necessidade de todos os que pensam que:“os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.

Que
alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital?Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida?

Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro a maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas.

Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”.

Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens?

Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e,algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até à passeios interessantes, planejados, minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.

E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes” elaboram atividades escolares como provas,planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados.

Professores têm 10 minutos de intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 horas semanais.

E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.

Há de se pensar, então, que são bem remunerados… Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.

Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina. E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.

Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.

Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo.

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-se falar em cronômetros. Francamente!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de bandidismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.





Referência: Enviado(anônimo) Carta escrita por uma professora que trabalha no Colegio Estadual Julio Mesquita, em resposta a matéria da revista Veja.



Fonte:
http://www.fenatracoop.com.br/

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